domingo, 10 de novembro de 2013

Primeira Vez

Quando o vi, ele tava paradão, olhando pra mim, com uma cara de bunda e eu ri, zombei com a Luísa e fui dançar. Ele em algum momento me abordou e eu estava muito bêbada e um pouco carente, quando eu vi já estávamos nos atracando num táxi.
Acordei na cama dele, só senti arrependimento de não ter ido embora depois do sexo, mas eu gozei tava cansada e derrotada, só ia acordar a Luísa, ela tem um sono leve, iria me gastar de ter ido pra cama com ele, cara, mas eu só queria trepar.

Ele ainda tava dormindo, mesmo com sol batendo no seu rosto, até que assim ele era uma graça, me virei e olhei o quarto, uma zona, mas muito confortável, quando virei pra olha-lo antes de ir sem acorda-lo, ele estava sorrindo pra mim e quando vi esse sorriso, soube que iria passar o resto dos meus dias com ele.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Rabo

Houve um estalo
E nada mais
Nada mais importa
Findou-se em mim

Isso um caro
Rabo de fora
Exposto em terra
De macaco

Calou-lhe
O rabo
Sem mastro
E impinado.

Chuva

Na fluidez de toda água
Não existem amarras
Ela lava
Mesmo que não intencionada
É terra molhada
Viva e rica
De tudo

Em espaço de nada

Naive

Foi-se
Assim
Como quem não quer nada
Levando na marra
Toda a graça
Amado não parta
Pois com o parto

Meu coração fica em estilhaço.

Meu Sonho

Todo dia vivemos essa mesma fantasia da criação do próprio mundo, nos bitolamos num processo de autopreservação . Sabe-se lá porque eu as vezes me culpo por isso, por fugir a essa realidade tão cruel que éa vida, de me recusar a viver na realidade onde a vida é pouco e a dor é naturalizada como um estigma de culpa em todos, não posso concordar que sou vitima e algoz da minha própria dor, vivo em negação.
Como posso eu aceitar existir no mundo onde uma pessoa é esfaqueada mais de vinte vezes no rosto e isso é comum. Ela só queria ser feliz, nós só queremos ser felizes. Não sei você, mas o caminho da felicidade pode ser atacado a qualquer momento e fim.
Por mais que eu fuja a vida vem, me acerta na cara toda a dor e sofrimento do mundo, os professores lutam, as pessoas lutam e eu luto. E eu estou de luto, que piegas diria, mas o luto move e em movimento me corta a garganta, mas não vou deixar minha voz morrer.

Preciso gritar, grito, mas ninguém escuta. Esse texto é um grito, mas ninguém vai ler e se ler não vai entender, pois por mais exposta que for a vida, a palavra pesa e cai ao sair da boca, e qualquer um pode pegar e dar a ela o sentindo que quiser. Como eu faço na minha vida criada onde qualquer um é bom antes de tudo e todo mundo merece amor.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Choro

Até a Medéia que matou o próprio filho
Nunca viveu tanta tristeza quanto eu
Soube que meu amor partia
Pra bem longe da minha vida 
Agora eu sou cega e sou deus

A agonia é quem guia minha vida
Já não vejo qual caminho escolher
Sigo em frente carregando em minhas costas
O peso dessa sina de ser deus

terça-feira, 3 de setembro de 2013

História

A vida passa e tudo que eu quero é contar minha história, engraçado que de um pro outro existe um mundo pra ser dividido. Um menino de sete pra um de 4 vira e fala assim, antigamente os brinquedos da praça não era assim de madeira e sim de metal. Tão novo e tão ciente que a história não deve ser perdida e jogada numa mare de sorte. Que a existência persiste na memória, e a verdade é só o que pode ser lembrado. Espero que um dia deixe de herança a lembrança do meu amor. 

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Mirna

Ela sempre foi um guia, ainda assim eu sempre quis correr o mais distante do que é ser ela, como se fosse possível, tá na cara. Não entendi desde o começo que eu sou ela, sou só ela, sou tudo que ela é e nunca foi, sou inclusive o que ela poderia ser e nossa conexão não é só sanguínea. Toda guerra que existiu e existirá é nada mais que uma briga com o nosso reflexo e fumar um L&M azul pra matar saudades da minha mãe, só me faz entender que nossa relação também é merda, mas tudo bem, pois o amor também é merda. 

domingo, 18 de agosto de 2013

Uma gota desce
Nas curvas do eu
Nascida de mim
Exprimindo a mim
Outra gota
Encontra noutra
Cumplicidade
Uma vermelha
Outra translucida

E eu era dor.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Doido

Talvez eu seja doido, ou percebo coisas que os outros não percebem. Vejo claramente as influenciam na minha existência do mundo, as mudanças da vida ao mudar as estações, a calmaria que é a lua nova e a energia que é a cheia, sinto na fala a intenção, posso sentir o cheiro da raiva quando alguém comenta uma coisa maldosa, posso sentir o calor da ternura num olhar bondoso, sinto a tristeza, vejo as energias correndo, vejo as trocas, eu toco nelas e converso com elas, sinto o mundo em mim e eu no mundo, mas talvez eu seja doido. 

Eu estou esperando a primavera.

O inverno chega, não importa o que façamos ele vem todo ano, com sua melancolia e tristeza, nos veste e depois nos desorienta, nos perde e assim na nossa própria execução do eu é furtada. Caminhos turvos guiam nossa relva familiar, e por momentos não nos conhecemos mais, taciturnos e rabugentos somos.  Depois de tanta lambança só existe espaço pro temer, mas não tema que a primavera irá chegar.

domingo, 11 de agosto de 2013

Fatalidade

Cada sonho depositado se esvairia na fluidez do sangue que jorrava de sua garganta, ela chorava ao perceber que seu filho morrera e ele o havia matado. Casou-se jovem com homem de moral indiscutível, como foi feliz descobrindo a vinda de seu primogênito. Ele odiava o pai a aquela altura, o pai era reciproco ao sentimento, o ambiente fedia quando os dois ocupavam a mesma sala, ela agora muito católica fazia novenas para que a paz voltasse a sua casa. Grávida do segundo, no quarto aniversário do primeiro, o pai o levou para um passei, ao voltarem nada foi igual. Numa noite os dois brigaram e o filho empurrou o pai que caiu batendo a cabeça na mesinha de centro, morrendo instantaneamente, ao entender a fatalidade sentiu que finalmente teria paz, isso até seu filho mais novo dilacerar a garganta do irmão com uma faca, movido por todo ódio do mundo.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Brisa

    Caminhando pelas ruas truculentas do centro, sentindo-se completamente acuada pelo movimento apressado dos outros, como se eles não corressem a vida iria escapar-lhes pelas mãos.

   Ela sabia que correr por um objetivo medonho de atender as ânsias de um emprego ou chegar em casa para seguir a rotina, era sim deixar que a vida escape pelas mãos.

   Quando menos percebera estava numa ruela sem quase nenhum movimento, pôde respirar. Tinha feito um movimento involuntário de  escapar da multidão e assim seguiu olhando as construções.


   Veio o vento, e ele era quente. Primeiro cobriu todo o corpo dela, assim que ela o sentiu.  Depois o vento acariciou seu rosto, beijou os lábios, tocou os seios, desceu os ombros indo as mãos, lambeu a sua vagina e ela gozou. Teve certeza que havia trepado com o mundo.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Dance

Recuar sempre foi algo tão difícil, ainda mais pra um menino que nem engatinhou, assim que conseguiu, correu. Uma liberdade cravada na pele, uma forma que influencia todas as relações do mundo. Não pode esperar, não sabe, pulsa, é livre. Recusou veementemente todas as tentativas de o ensinarem a temer.  Chora agora, chora de amor à vida, pega em sua mão e te faz correr também, não pare.  O fez crer que tudo é possível, pois ele realmente acredita nisso, então, por favor, não pare e dance comigo. 

terça-feira, 11 de junho de 2013

Por enquanto, Adeus.

    Acho que depois de ver tanta gente partir, eu já sei quando alguém vai embora pelo cheiro da ultima despedida. Tem um cheiro agridoce da queda de algo belo, da morte da relação.
    Não é nossa culpa, mentira, vou aceitar a culpa. Algo se quebrou na gente, algo surgiu e eu sei que não vamos lidar bem com isso. Não estou feliz, cada minuto que minha cabeça fica vazia de distrações, sinto gradativamente meu coração apertar, hoje chorei de novo, hoje ele apertou tanto que tive medo de enfartar.
    A meu amigo, olha isso, não tenho forças. Não tenho forças pra resistir um distanciamento e não sei se quero resistir a isso. Não esqueço nada, guardo comigo todo o carinho e um dia, que pode ser o depois de hoje podemos renascer.

    Só sei que como estou indo, todo medo é um algoz que agora não posso lidar, não posso lidar quando passo o dia com estomago na boca, enquanto sorrio e digo que tudo tá bem. Desculpa, mas por enquanto é adeus. 

sexta-feira, 7 de junho de 2013

16 cigarros.

16 cigarros em quarenta minutos, tudo corre no mesmo niilismo de ser. Um grito na rua, o sol está quase nascendo e o maxilar não amolece, uma dor forte no estomago, poderia ser as drogas, mas é só o asco do mundo. Decimo sete cigarro e a única preocupação é que eles estão acabando, vai a rua esquivando-se dos olhares curiosos, chega a banca e só fala enquanto larga o dinheiro, “luckystrikered”. Virando a esquina da rua vomita sangue, culpa toda a dor no mundo pelo seu eterno mal estar, vigésimo quinto, ainda não consegue dormir, mas não tem forças pra fumar sentando, está estirado no chão, chora por nada e a dor não passa. Dorme e não acorda. 

terça-feira, 28 de maio de 2013

Bruja

Existe uma bruxa aqui, não se engane sobre isso. Ela vive para nos ensinar a lidar com a força, não é isso de poder não. Lidar com a força motriz em você, uma descarga de energia explodindo pro mundo. Não entenda o mundo de forma simplória, acho que talvez devêssemos pensar o mundo como um reino, nossos reinos, pensar-nos como os reis de si. Essa bruxa nos diz isso, com cada flor de jasmim que ela nos da e o chá de gengibre que nos serve, assim nos mantendo aquecidos, aquecidos com calor dos afetos. Ela clama que seja construído por nós o máximo de laços com as existências, ela clama amor. Muitos a perseguem por não saber lidar com as praticas pagãs da mulher, a perseguem pelo arquétipo do feminino, a perseguem por se ela e não ele. Ela aceita e as vezes morre, outras vezes resiste e sobrevive.


Um dia eu a pedi para ver quem ela era e como ela era, mostrou-se, depois me pegou pela mão, levou-me até o espelho, mostrando-me o meu próprio reflexo e depois apontou para janela, num sentido que eu pude perceber que ela falava do mundo todo. Disse que ela era tanto o eu, como o outro e o mundo, sendo dessa mesma forma ela mesma. Existimos no outro, no mundo e em si, existimos nos laços que construímos. Eu existo em tudo que amo. 

Igor II

Eu sou Igor, inquestionavelmente Igor, o Igor, depois de me conhecer não haverá duvida. Pode espalhar, os outros são os outros e eu sou EU. Vai entender, pode perguntar se houver necessidade, é uma questão de tempo para que você saiba, mas já pude perceber que você já sente. Não resista, você não vai ganhar e vai ceder. Eu prometo que vai gostar. Eu sou Igor e você não vai me esquecer. 

Se eu sumir.

Se um dia se perder de mim
Pode me procurar
Numa roda de gente
Bebendo, sorrindo e cantando
Sou do povo
Sou meu
Se um dia se perder de mim
Não há duvidar
Eu sumo sim
Mas vou voltar
Se um dia se perder de mim
Foi você que se distraiu
Tô na roda onde você me achou
A dançar
E esse povo não me deixa partir
E a verdade que eu não quero sair, dali.
Se um dia se perde mim
Pode procurar
Nesse roda de gente bonita

Embriagada a gargalhar.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Ela

Mulata, assim de ancas largas, meio gorda só que totalmente firme. Sempre com os ombros a mostra e os mamilos grandes por vezes vistos de relance. Sorriso que convida a rir com ela, mesmo quando ela está a rir de você. Não sabe falar de si, mas conta tudo sobre a vida só com os movimentos do quadril. Os quadris tem vida, sabia? Nunca vou esquecer os dela. Louca e feliz, mesmo quando está infeliz. Todos que a conhecerem serão eternamente gratos por ela existir.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Bocejo

As expectativas do cotidiano normalmente são poucas, nos olhos ordinários poderíamos dizer que são nulas. Queria ter esses olhos, poder não esperar a todo momento a transformação de uma vida , olhar para as coisas com a mediocridade que elas merecem, mas fantasiar é uma condição inerente do meu ser, tornando quase impossível distinguir entre a realidade coletiva e a minha própria. No meu mundo focinho de porco é tomada e eu não sei lidar. Não consigo lidar com as minhas próprias criações, vocês podem achar que sou assim para chamar atenção ou é uma medida desesperada por ajuda, um grito. Talvez seja isso, eu mesmo não sou capaz de decifras as razões de existir assim. Minha aposta é que realmente é um pedido de ajuda, para me tirar desse tedio que a vida vulgar imposta a mim, me proporciona.Estou fadado a entrar pra história.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Flor da Noite

Todos os impulsos levados a senhora de destino duvidoso, não eram uma prova de deus ou de reino curto. No calar da noite vinha até ela a janela de genialidade que durante os dias era fechada, já que a vida pulsante do dia a fazia desistir de pensar, desistir de si. Nada como por do sol para aquietar os fluidos energéticos humanos, perdoai-vos por não saberem nada da simpatia atemporal dos gritos mudos da noite, eles gritam de sua cabeça pra tinta. Abusa de muitos enigmas pra dizer coisas simples, como tenho medo ou gosto de você. Agradece toda a dor por tira-la de forma furtiva do tédio, é sim uma flor da noite e sim ela está morrendo.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Carolina

É inegável a nossa maldição. Amor infame e perverso que nós temos. Como não conhecer-nos empiricamente, assim no desejo da carne. Queria tanto mais que querer conseguir seu toque com bom grado e oferecer-te o meu da mesma forma, minha querida amiga, estamos condenados a ser amantes que não se amam no sentido erótico da palavra. Nenhum toque delas lhe causa mais arrepios que minha pena nesse momento, eu sei. Todos homens que recusam minhas caricias o fazem bem, pois nunca serão como seriam pra ti. Infelizmente somos um casal que não se deita juntos a cama e nunca seriamos ou seremos isso, você é minha família e eu sou nobre rapaz. O martírio do amor errôneo nos acompanha na eternidade dessa cumplicidade, mesmo que isso seja apenas uma revelação lúdica da minha realidade momentânea.

terça-feira, 16 de abril de 2013

O clímax de todo evento, a troca que forma uma história. O confronto do olhar gera uma substantiva intimidade pontual, tanta coisa é dita no silencio profundo de cada olho, te digo tanto sobre mim e você repete esse movimento involuntário de invasão dos nossos interiores. Acho que por vezes antes de olharmos nos olhos deveríamos pedir licença, já que no meu olhar pro seu olhar eu me explodo em mil e me torno seu.

domingo, 14 de abril de 2013

Inconsciente

Não sei qual é o bairro, mas é bem familiar, acho que é Ipanema. Do nada começa tocar uma musica que automaticamente me lembra de senhora do destino, eu comento com todos a minha volta e ninguém se lembra, sou mesmo um fã de novelas. Não acredito, é a Susana Vieira ali em cima, só pode ser o destino, tenho que pedir pra tirar uma foto. Ao me aproximar e fazer o pedido fui atendido com muito carinho mas por algum motivo não conseguíamos que a foto fosse tirada e com o meu movimento muitos vieram também e logo tumultuaram tudo. Saí desolado da muvuca, mas antes de partir Susana me agarra pelo braço e me convida pra um passeio, todo bobo fui. Conversamos horas sobre nada e no final compramos cachaças, compramos só as melhores, olhei pro lado e era noite, olhei pro outro e Susana não estava mais lá, nem era mais onde eu estava com ela. Surge do nada um flerte do passado e um grande amigo, ele me chama como se ali tivéssemos marcado, vamos pra casa dele e lá está um diferente grupo de amigos, não lembro bem da forma do apartamento, só lembro dela me impressionar. Por algum motivo, eu e o flerte, temos que ir a rua, no trajeto pra lugar algum nos beijamos e damos um inicio a umas das conversas mais constrangedoras que eu já tive em minhas realidades, ele me explica que no apartamento que estamos não podemos fuder, mas que tem um em botafogo que é tranquilo, mas lá o pai dele ia ter que nos assistir e que isso é um problema pra ele, não diga. O tesão era tanto que considerávamos a possibilidade de botafogo, ele me perguntou o que eu tava sentindo, só respondi que eu sinto tesão a todo momento que por ele era muito mais, ele disse o mesmo, mas acabamos não trepando. O dia seguinte foi muito mais que o próximo dia, parecia uma eternidade, acordamos já não mais na casa do flerte e sim na minha cidade natal, vim do campo, do interior do estado. Eu e o flerte éramos namorados e lá estávamos eu, ele e uma amiga que eu acabei de fazer, ela veio do sul. Do nada ele me some e eu ouço uns barulhos do mato, jogo uma pedra e sai do mato uma cobra enorme, do tamanho de um sofá, amarela e laranja, maravilhosa. Eu me tremo todo, mas ela que veio do sul pega uma vassoura pra espanta-la, mas não surtiu efeito e ela entrou na casa em que estávamos, eu subo em algo e fico com a vassoura batendo no chão, estou desesperado. Ela passa por mim e entra num quarto, a flor vinda do sul vai atrás e a expulsa do quarto, nisso a cobra tenta entrar em outro quarto e eu vou pra impedir que isso aconteça, mas nisso eu caio e a ultima coisa que eu vi antes de acordar foi a cobra me olhando pronta pra dar um fim nisso.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Pulsante Indiferença do Ser

São 6:33 da manhã e meu cérebro funciona mais do que nunca, acho que isso reflete muito o que nós somos agora, não guardamos os temores e buscas por amor, ou apreciamos as loucuras das paixões, só queremos e somos a futilidade do estar. Opa outra filheirinha, vai um doce? Suave. Estou pulsando tédio e desapego, não lido e não gero mais laços profundos e não tenho numa identificação com os meus old folks , só um rímel borrado, um nariz sujo e um pensamento que flui 15 mil vezes mais rápido que de todos vocês, sou um gênio. Tem esses caras que morreram com 27, eles eram tão profundos e sentiam mil coisas, mil magoas e não suportaram toda dor mundo, eu só não ligo, talvez eu morra aos vinteesete, mas com certeza vai ser por tédio. Talvez esmagada nas ferrugens de um carro que a mil por hora estava, só pra me fazer sentir, não sinto nada, sou blindado. Dizem que com vinteeum nós nos sentimos bulletproof, te digo uma coisa, eu não me sinto assim, eu sou, infelizmente. Passo horas perambulando madrugada fora esperando uma facada ou uma caceta, esperando por algo que me tire deste estado infame, mesmo que eu sai nas páginas policias, que nojo pareci um velho falando. Outro dia cheguei muito doida, louca do cu e minha mãe me disse, você vai morrer, eu respondi , acorda vadia, nós já estamos morrendo. Se não fosse tão clichê cortava os pulsos, mas morrer assim seria tedioso e eu nem conheço a porra do francês, referência clara a Camila de nome próprio(veja esse filme). Na gringa eu só poderia beber legalmente agora, nossa ainda bem que eu tô no Brasil. Então você quer me comer? Não, então foda-se. Eu sou genial, não me canso de lembrar disso, principalmente quando me defronto com a sua existência, essa é o marco da minha geração, viver ao máximo pra morrer jovem e linda, afinal nada mais importa.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Ave Maria

Ela não tinha o pai no registro, não teve direito a infância e nunca soube ser mãe, os filhos a chamavam de tia. Semianalfabeta viveu boa parte da vida dando golpes e não teve uma vida que a sociedade diria que era digna, não submeteu-se aos martírios das disputa de classe, nunca aceitou-se como ralé. Um dia caiu no chão por causa de um AVE, na queda quebrou o quadril e sofre de constates dores apesar de não ter mais a sensibilidade na parte direita do corpo, está condenada a ficar o resto dos dias presa a uma cama. Ave Maria não teve misericórdia da mulher que lhe é homônima, nem um dia em sua vida. Ela resiste e mesmo sem tem ter o poder sobre o corpo clama pelo direito do mesmo e nos usa como sua ferramenta. Tenho orgulho dela ser minha avó e com orgulho sou o corpo dela em movimento.

terça-feira, 5 de março de 2013

A sua infelicidade é algo tão triste, sinto tanto pena sua, ó minha querida como pode levar sua vida a esse ponto, você vai morrer sem ninguém. Negando a sua sexualidade, negando os seus desejos, negando a si mesma, por vingança, por alguém que só lhe tem desprezo, é minha flor. Carolina só lhe tem desprezo, você é insignificante pra ela, nada, apenas poeira. Por favor para de procura-la, ela já te vê do jeito que você é, apenas uma menina insignificante barulhenta. Sabia que ela já fala com todos da árvore, que se refere a você como o maior erro da vida dela, nos pediu desculpas por ter se afastado e entendeu que é a nós que ela sempre amou, que você foi apenas uma ilusão passageira, ó meu amor. Você vai morrer sozinha, pois continua se agredindo e se mutilando, não sei se fisicamente, mas ainda está se mutilando, percebe que até você entende que é merecedora de um castigo, sim menina, você merece essa tristeza que não passa. Merece se sentir suja e enojada a cada toque de seu parceiro, suas motivações são as piores, mas eu sinto pena, já senti raiva, mas tudo que você fez um dia caiu do nada com um sopro de alegria e levou sua paz embora. Poxa menina aposto que no encantado não existe alegria, vai embora e ache sua paz. Obs: Cuide pra que sua vida não acabe assim, sem ninguém nunca ter te amado. De alguém que já foi um amigo.

Perdida

Uma multidão gritava, só que não conseguia ouvir direito, todo som era abafado como se saísse do interior de sua mente. Sua barriga queimava e tudo girava em seu torno, era tanta dor e incompreensão, chorava mais de susto do que de outra coisa, sua visão embaçada via que alguém tentava a acudir, mas não era isso que ela queria, suplicava internamente por menos confusão, mostrava em seu rosto toda a histeria que passava por sua alma. Era mãe de três, pensou tão rapidamente nos pequenos, não sabia exatamente o porquê que sua cabeça foi pra eles, sentiu sua perna molhada, era tão quente e pensou: Ou me mijei ou menstruei, que hora mais adequada, ein?! Soltou um grito quando a levantaram, percebeu que sangrava pela barriga, percebeu tudo. Um tiro no estomago, deram-na um tiro no estomago, que deselegante, estava a morrer. Sentia o sangue abandonando seu corpo, sentia-se traída por seu fluido que fugia dela, assim do nada, como se na primeira oportunidade ele fosse pular fora, sentiu a vida indo com ele, como velhos amigos que não se largam, tinha tanto a dizer, mas nenhuma força, procurou um rosto conhecido pra se despedir, estava só, ficou mais indignada, não era hora de morrer. Escutou alguém gritar seu nome, escutou perfeitamente, sem aquele eco, foi claro, virou a cabeça e usou suas ultimas forças para sorrir, apertar os olhos e erguer as sobrancelhas, como quem diz é a vida e assim foi em paz.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Descompasso

Não negava que os dias viraram anos e não havia o reencontrado, nem mesmo no seu dia a dia memória dele vinha a sua mente, não mentiu quando disse que o amava, mas a vida segue um fluxo mais intenso que as águas de cascatas, ela leva de nós e nos cala, nos acostuma. Não era por medo ou desgosto que não se lembrava, era por descaso, vindo ao acaso. Não havia uma marcar suja de violência, ou uma interrupção externa, foi assim, foi indo e aos poucos foi. Lembrando agora aquela noite quente onde beberam tanto que dormiram rindo e tontos, no dia seguinte sabiam que se amavam. Quando ela partiu e foi viver a vida, ele não disse adeus, nem mesmo tchau, acho que ele sentiu mais, mas também ela que partiu, com uma aflição enorme e toda coragem possível. Garota sabida sentiu no começo, mas com os dias que viraram anos teve uma vida tão repleta de vida que nada anterior parecia relevante. O tempo cura aqueles que a ele pedem auxilio, na verdade ela nem precisou pedir e a cura veio, veio por estar tranquila, que o fim é a certeza do começo e que se esvaírem com o tempo, inclusive o eu. Um belo dia tomando um café ouviu a voz dele, soou com uma bofetada em sua cara, levantou correndo e o abraçou por trás. Ele retribuiu abraço sem olhar pra trás, eles sabiam reconhecer um ao outro com muito pouco, ela nem percebeu, mas ele chorou uma lagrima. Terminaram o café juntos, quando se despediram ela sentiu uma dor tão profunda, passou o resto dos dias lembrando dele e ele dela, mas nunca mais se viram.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Calada

Nada no seu corpo conseguia abstrair a sensação de calor, levando-a loucura da felicidade momentânea, presa num corpo espacial determinado pelas ondas da voz dele. Quanto tempo não via os tons laranja invadir de forma incomoda seus olhos, o por do sol é belo e agressivo e disso ela sabia. Camuflada e atenta ao seu comportamento agradável e padrão, não parava de encarar Henrique, passa horas falando da vida com a cabeça nas alturas e ele participava, lembrava e sacudia-se para entender melhor. Isabel falou horas dos cabelos e a conversa foi super interessante, tão sabidos e eloquentes podiam falar de coisas melhores. Tava lá toda serelepe, mesmo coberta pela sensação de indisposição que só quem viveu um dia de calor carioca vai entender, não sei se ele viu, não sei se reconheceu ou melhor, não reconheceu a nova criatura ali na sua frente, não era a mesma, mas falava e vivia no ritmo da outra. Era a mesma. Como posso negar as surrealidades de uma mente inquieta que grita sem o toque de alucinógenos, saiu perplexa confusa e meio frustrada, mas em paz. Percebeu que as guerras são pedras em seu caminho de uma verdadeira felicidade, tudo tá bem, né? Sim, então pra que não manter assim, entendeu a hipocrisia fantástica de esconder os temores quando eles não geram mais nada que destruição.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Amor

Sentada na varanda ouvindo um velho vinil da Nina Simone, sentia-se tão prafrentex ao fazer isso no bairro nada glamoroso do Andaraí. Rita ouvia aquelas musicas, melancólicas e ao mesmo tempo quentes, pensando quando iria ser a sua vez. Nunca conheceu o amor, em tempos em que as paixões não chegam a conhecer a luz do sol e o ar da sobriedade, ouvir aquilo era angustiante. Buscou em sua mente todos os homens que conhecera, na tentativa de dar a eles a chance de serem o grande amor de sua vida, mas nenhum parecia adequado, olha claramente seus defeitos e o tédio que a presença deles a causa. Levantou-se como um foguete, despiu-se e foi atrás de uma roupa linda e leve, para que pudesse fluir como o vento. Passou pela porta de casa trancando-a rapidamente sem perda de tempo, não havia tempo a perder, sabia que nesse dia iria encontrar o amor de sua vida e caminhava sem olhar pra trás. Tinha a estratégia de encarar os homens nos olhos e ver o amor dentro deles, sabia que quando o visse não iria titubear e mais, sabia que o veria. Começou seu plano, mas homens são ríspidos, nessa sociedade serem encarados por uma mulher os assustam e os deixam menos homens, ela via só ódio, desprezo e medo. Caminhava sem olhar pra trás já tinha passado o Estácio e ainda não tinha encontrado o amor, olhando todos os olhos em seu caminho só via coisas terríveis. Cansada, mas perseverante resolveu sentar num banco em frente ao Odeon, já eram 15 pras cinco. Ao subir seus olhos tinha um rapaz próximo de sua idade olhando o letreiro, tirou o cabelo do rosto e olhou pra ele, ele olhou pra ela. Quando deu por si estava com o rosto a menos de 30 centímetros do rosto dele, avaliando minuciosamente os olhos dele. Ele não sabia o que fazer, por não saber a imitou e retribuiu a busca, alguns dizem que ele achou primeiro, mas ela viu, viu o amor. Beijou-o instintivamente e depois riu, ele retribuiu o riso e o beijo, como bobos.