quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Água

Não contei pra ninguém, mas estou morta. Fui para o mar e me afundei na tristeza límpida e bela das águas. A mesma dor que me afunda é a dor que me emerge e agora eu sou água. Ainda bem que sou estética e infantilizada e vi a graça da vida e a força da morte. No meio das lágrimas agora cotidianas ao acordar, voltar a terra é desagradável, rude e mesquinho. Necessário.  Você entendeu tudo errado, a nossa estória tá toda errada e a vaidade é a alegria do meu dia, o espelho mostra uma linda moça, talvez a mais linda, não por suas linhas e sim por sua energia, bom dia. Eu me chamo vida. 

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Sonho Erótico

Não sei da onde tirei coragem pra escrever isso, mas sempre acreditei que quando eu sonho com alguém de forma tão clara, é de bom tom contar. Tive um sonho erótico com você, não me entenda mal, isso não é bem uma proposta, estou dividindo esse nosso momento que eu vivi sozinha.
O sonho foi mais longo que o nosso momento, antes disso, de nos encontrarmos, estava sozinha em casa pensando nele e sentindo pena de mim mesma. Decidi ir como eu faço às vezes no plano real, subi ao terraço pra ver a cidade. O céu previa o apocalipse e eu me deliciava com as imagens, ouvi um barulho vindo da escada e eu fui ver quem era.
Dei de cara com seus olhos e você sorriu, foi lindo. Pensando bem toda vez que nos encontramos você sorri pra mim, não consigo não me apaixonar por quem sorri pra mim. Como sempre encarar você me constrangeu, abaixei os olhos e vi que você tinha uma ereção escondida na bermuda, isso me constrangeu mais e me deu tesão, sorri de constrangimento e nos despedimos, por impulso escorrei meus dedos nas suas costas ao dizer tchau. Aí você já não pode me deixar partir, me pegou pelas mãos e me levou pra garagem, pensei que preferia a escada, mas te segui, quando te senti acordei e tomei um banho.

Engraçado que quando você tá na portaria comprido sua função e eu passo dando apenas um bom dia ou boa noite sem dizer mais nada, como uma boa sinhá, sempre me esqueço de mencionar que te acho um tesão. 

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Cavalo

O ano do cavalo foi de superação, eu não o superei. Sinto que estou na rehab e agora sou uma boneca falante, vazio. Meu riso é falso e insano, acordo todo dia e choro, meu siso tá nascendo, sempre bêbado com Carolina falava: Um dia vou levar uma facada nas costas, o nome disso é memória.

Eu estava feliz e eu não sei o que eu fiz, me desculpem, mas por favor parem com isso. Eu sinto toda dor do mundo e eu só consigo chorar, mas sou histérico, não é isso. Eu quero ir embora agora, eu quero te superar, mas eu sou tão pequeninho e eu tô tão perdido, só não aguento mais o buraco negro da minha solidão constante, que eu sei que foi presente seu.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Hoje não tem perdão.

Quando a felicidade transbordou o copo o corpo foi ferido, era um índio, era um menino, era uma criança e foi a alegria. Tentei acreditar no amor, tentei amar e ser amado. Sobrou a dúvida.
Traições ocorrem cotidianamente e o merecimento é provação, tá provado. Fel amargo. Hoje pela primeira vez pensei no suicídio, arranhei meu rosto, agredi meu corpo.  Agredi-me por libertação, tá livre, aproveite sua liberdade infame e sua provocação amarga, deus sou eu, deus é você.  Mas mais deus sou eu.  Injustiças não serão esquecidas e a tristeza não será apagada, eu lembro e me lembro bem.

Estuprador é quem segue depois do não e não tem conversa, os amigos são nossa família, mas quem são de fato nossos amigos? Questiono enquanto choro, os médicos e suas medicinas são fajutas e vocês são fracos, eu não. Sou forte e vigoro em vida, não existe tempo pra se temer à morte, já estamos mortos, somos células do planeta, somos parte da terra. De o exemplo meu irmão, demonstre seu amor, que terá amor, demonstre sua guerra que terá luta, não vou me trair, então não se atraia e tenho uma boa noite. 

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Sentindo o sol nas costas.

O sol arde, uma amiga profetizou sobre o primeiro animal a sentir o sol nas costas, eu senti e ele arde. Milhões de anos de culpa e dor num corpo obsidiado de obscuridades diversas, não conheço a luz. Ilumine-me para seguir em frente, sempre, eu sou. 

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Resolvi a questão da minha vida.

Sentei na metáfora da minha vida! Não estou brincando, me escuta. Tava lá em portobello, fui com uns amigos, rolou. Tinha uma cadeira entre o quarto e a varanda, na varanda estavam os meninos e no interior do quarto elas. Sentei na cadeira, viu. Essa é a metáfora da minha vida! Onde eu to nisso que é o gênero? Pensei, vou resolver isso agora, através dessa metáfora empírica, de sentar nessa cadeira, a minha questão. Ainda com o corpo no encosto da cadeira me virei pra varanda. Os meninos são tão lindos, divertidos, frescos, parece que nasceram ontem. Olhei pro quarto e elas dominaram a vida, até lembrei que quando olhava pros meninos ainda as percebia em minha vista lateral e honestamente eu prefiro a estética feminina, mas tá aí, eu escolhi a cadeira.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Contradição

Poderia dizer que não podemos sem um reencontro, mas isso seria uma grande mentira, já que você seguiu com a vida. Achei que havia encontrado o amor da minha vida. Uma pena você não ter encontrado em mim o que eu encontrei em você.
Falo para você, sabendo que você não vai ler, então falo pro mundo tanto quanto para mim. Eu inventei tudo? Como você podê? Isso importa?
Nunca demandei falsas promessas e antes nem queria tanto, e você meu tudo, me fez lidar com um grande amor e o tomou de mim.

Sobrou-me o rancor de um amor que eu não matei, que eu não quero que morra e o rancor o mantém vivo. Penso que vivo em miséria, para não esquecer quando fui mais feliz na vida e a grande questão desse texto deveria ser o que é ser feliz, mas não é, pela irrelevância da questão quando eu devia responder quem deve me fazer feliz e eu te odeio, porque acredito que a minha felicidade é você.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Roda

Estou obcecado por rodas, o objeto circular tem sido a imagem mais reconfortante. Percebi hoje que ficar em uma fila é reconfortante, mover-se dependendo unicamente do fluxo me liberta de múltiplas escolhas, como a velocidade ou a hora que devo seguir.
Nós não nos desapegamos de um desejo experimentado sem uma troca justa. Hoje pensei que se eu tivesse nascido menina meu pai não teria me abandonado, meninos são maus.
To vivendo a fase anal e acho que é por isso que estou obcecado círculos. Fico feliz, sinto que não estou fálico.
O primeiro foi seu pai, o segundo seu irmão e o terceiro foi você quem roubou seu coração, algo parecido com isso e a onda de Lulu Santos são as canções de ninar que eu recordo de quando criança. Tive a melhor mãe do mundo.
A nostalgia da minha escrita me assusta, mas não ouso negar que a admiro. Por falta de onomatopeia não me expresso melhor, e qual forma terá o seu eleito.

Assim como em circulo retorno ao Édipo.

sábado, 16 de agosto de 2014

Era livre.

Basta ter uma abertura que a criação rompa as frechas da inércia. Bum! Está em movimento. Clarões no meio da escuridão, como se fosse um trem no escuro sendo invadido pela luz ocasional da janela. Sou bastante cinematográfico, mas eu juro que era assim.
Já sei que não posso contar com a sorte, mas eu duvido do potencial criador de Deus, duvido de Deus desde sempre.
Eu confio no tempo, ele sabe o que faz, ninguém mais.
Tenho más notícias, estamos perdendo tempo, mas tá tudo bem, sempre pode piorar.
Como gozar de frutos que não nos foi designado. Desaproprie os mercados, desaproprie o amor.
Acho cômico como escrever é uma reverberação de existir. Agora não consigo mais produzir contos com uma linearidade, minha cabeça é confusa e disforme e essa estruturação não me elucida mais, está tudo desorganizado.
Por no papel qualquer coisa tornou-se uma função de labuta, falar para que?
O saber liberta e estar livre num mundo escravista nada mais é que melancólico. Preciso caminhar agora com essa felicidade melancólica que é abrir os olhos.
Processo segue de forma dolorosa, essa continua força de limpeza que limpa todos as camadas que me constituem, vai caindo a pele morta de ontem, para seguir a nova epiderme, ainda bem que eu tenho fé no tempo.

Processo positivista, programa liberal, ter fé no futuro é o que me mantém escravizado.  

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Ter vezes, voltei a mim.

Três vezes eu voltei a mim, percorrendo uniformemente um caminho complexo, talvez viscoso,
fiascos. Reverberação de uma vida adoecida, mas eu te amo. Julia voltou do campo renovada,
pelo que falou, saudades do campo. Como você está? Eu vou bem, voltei a mim 3 vezes antes de cair, por três vezes voltei a mim e você tem se visto. Nessa época do ano a luz é branca, as coisas são claras, não percebo nada em tanta clareza. Clareou o dia com tinta de sol, mas está frio, estou com frio.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Céu

Eu sou o céu que vive no alto da torre, tempestuoso, mutável e belo. Quem me dera, fluído e mistico como um céu ser, talvez necessário pro outro, ter medo de ser descartado é o que sempre minou as minhas relações, não, ter a certeza que algum momento seria descartado e não saber lidar com a angustia dessa experiencia é o que minou minhas relações, será?
Tem dois dias que a gente se pegou, foi uma graça e tal, mas não sei se quero de novo, não sei se queria sabe, ai que horror. No alto de uma torre vivia uma linda princesa, que arrastava sua saia na praça e piranhava a noite toda. Forma que eu me retraria numa fabula, eu amo todo mundo! Êêê vamu trepá! Muito complicado esse afeto, cheio de culpa, cheio de tristeza, prisões, vergonhas e tabus. Não sei como vocês consegue namorar nesse contexto, namora comigo vai? Epa que doideira, isso é uma delicia.
Compreendo claramente a acusação que nos movemos pra trepar, talvez seja esse o caminho, se a gente trepasse uns com os outros e ia ser muito mais difícil te deram um tiro de borracha na cara e a galera não cair pra cima do policia.
Uma torre que não é prisão, não é tristeza ou fábula, meu lar, o céu do alto da torre.

Genesis

"As vezes sinto saudade da época que tinha uma vida normal, de pessoas normais, dessas que não precisam ler dois livros clássicos por semana pra assistir uma aula... Queria ter uma vida normal dessas de quem tempo pra ler um livro qualquer, de um anônimio qualquer, ou de um clássico pseudo-cult qualquer. É difícil viver a vida nas sobras das páginas obrigatórias, que se arrastam sobre teorias modernas do ser e do estado. É difícil para um pirata do asfalto se trancar em casa com Montesquieu, Maquiavel, Hobbes, Rousseau, enquanto a cidade vive. Difícil mesmo é lhe dar com a retórica que nos assola: Pra que tanto saber? Pra que preciso saber disso tudo? Talvez isso tudo não passe de uma vaidade que não vale essa vida. Temos que saber o suficiente pra compreender o mundo em que vivemos, todo o resto não passa de vaidade intelectual."