terça-feira, 5 de março de 2013

Perdida

Uma multidão gritava, só que não conseguia ouvir direito, todo som era abafado como se saísse do interior de sua mente. Sua barriga queimava e tudo girava em seu torno, era tanta dor e incompreensão, chorava mais de susto do que de outra coisa, sua visão embaçada via que alguém tentava a acudir, mas não era isso que ela queria, suplicava internamente por menos confusão, mostrava em seu rosto toda a histeria que passava por sua alma. Era mãe de três, pensou tão rapidamente nos pequenos, não sabia exatamente o porquê que sua cabeça foi pra eles, sentiu sua perna molhada, era tão quente e pensou: Ou me mijei ou menstruei, que hora mais adequada, ein?! Soltou um grito quando a levantaram, percebeu que sangrava pela barriga, percebeu tudo. Um tiro no estomago, deram-na um tiro no estomago, que deselegante, estava a morrer. Sentia o sangue abandonando seu corpo, sentia-se traída por seu fluido que fugia dela, assim do nada, como se na primeira oportunidade ele fosse pular fora, sentiu a vida indo com ele, como velhos amigos que não se largam, tinha tanto a dizer, mas nenhuma força, procurou um rosto conhecido pra se despedir, estava só, ficou mais indignada, não era hora de morrer. Escutou alguém gritar seu nome, escutou perfeitamente, sem aquele eco, foi claro, virou a cabeça e usou suas ultimas forças para sorrir, apertar os olhos e erguer as sobrancelhas, como quem diz é a vida e assim foi em paz.

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