sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

"O tempo passou na janela, só carolina não viu"

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Um Beijo no Escuro

A gente se olhava no meio do breu, via somente o contorno, mas eu sabia que ele me olhava, que era pra mim sua atenção, mas ele manteve-se quieto, eu com medo não fui até ele, até o corpo dele. Era madrugada, mas continuávamos a rir juntos, conversar sobre qualquer coisa, somente para ainda um ouvir a voz do outro, pois ambos já tínhamos perdido o interesse no ato de falar, eu ao menos queria ser tocado, não ser ouvido, mas não podia, não devia fazer algo, então me satisfazia naquele instante em ser ouvido e ouvir.
Quando dois meninos se gostam, sempre alguém morre no final, foi o isso que eu aprendi nos filmes, o mais interessante que o conheci também no escuro e não podia vê-lo, mas podia o sentir tentando me olhar, me ver além da escuridão, acho que foi um momento de essência e seus encontros, onde toda e qualquer imagem foi considerada pequena e não tão significante.
Veio o primeiro toque do nada, entre suas mãos, ambos confusos e perdidos se tocaram ao mesmo tempo, a caricia que era na mão crio vida e seguiu, nisso o meu medo se instaurou, retraí, mas ele me deu tanta segurança, seus dedos pelo meu rosto, os meus nos peitos dele, então o beijo, no escuro instaurou-se o afeto, o beijo doce, destruindo o tabu do medo, da tristeza e da vergonha. Entre caricias e afeto eles caíram no sono, reconfortados pelo calor um do outro.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

canário

Acordou num estalo, abriu os olhos e jogou em um estante toda a sonolência fora, se desesperou por não reconhecer o lugar e nem as pessoas que estavam a sua volta, olhou pra si a blusa suja de vomito, só de calcinhas e uma camisinha usada grudada na perna esquerda, entrou em pânico e pensava “fiz de novo”. Ana era desse tipo de menina festeira, só com 18 anos cheirava cocaína e bebia vodka, que perdia a noção de quem era e tinha seu corpo usado por muitos e muitos rapazes, alguns diziam que pelo fato dela não conhecer o pai a tornara uma vadia sem freios, necessitada de atenção masculina. Olhou mais uma vez a sua volta e reconheceu um amigo, Eduardo era mesmo uma bixa nojenta e sem escrúpulos, tava deitado em cima da barriga de um cara sem calças com a cara virada pro pau dele e com rosto sujo de porra, ela riu e levantou, com uma única duvida, quem havia a comido.
Ana fumava três maços de cigarro por dia, por isso não conseguia ficar sem fumar muito tempo, perto de Eduardo tinha malboro vermelho, o cigarro que Ana não se dava bem, mas ela o pegou, acendeu um cigarro e foi mijar, sentou com no vaso, ficou até o cigarro ter fim, ao se limpar reparou que tinha sangue, pensou que pode ser alguma DST e não ligou, saiu e foi até espelho tinha, roxos por todo corpo, riu-se e pensou “noite divertida” foi até a sala do apartamento no 18 andar nas ruas de São Paulo, acendeu outro cigarro, as janelas daquele apartamento não tinham proteção, não tinham segurança, mas isso não a impediu de sentar-se na janela daquele prédio gigante a dois andares da cobertura, nisso ela reparou que onde ela estava sentada tinha poça de sangue, ela ficou catatônica por um segundo, mas logo entendeu ela estava perdendo o filho que não sabia que tinha, aquilo doeu tanto, tanto e que seus pensamentos voaram direto para o niilismo, nisso Eduardo entra na sala e eles se olharam e ele disse “não, bixa” e ela se inclinou para fora no apartamento voando direto pro chão e antes de 10 segundos seu corpo estava esmagado contra o asfalto.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Incoerente

Cheirei seus cabelos forcei suas pernas para abrirem pra mim, sou sim o que deve ser, ela não vai negar meu chamado, dei-lhe dois tapas na face, rasguei seu vestido com essas mãos, ela chorava, como uma bezerra domada deve chorar, mas mesmo assim a estapeei novamente para garantir o silêncio, para garantir minha paz. Cheirosa corpo da cor do leite, o rosto rosado depois dos tapinhas, seios que brotavam, só tinha 14, já podia ser mãe, já podia ser domada.
Penetrei o ventre da menina terra, não era morena, mas não estava seca, nisso soube que aproveitava o momento, dominei-a com movimentos, chocava meu quadril ao dela, zonza de prazer estava, não tinha como esconder,haverá de me agradecer por ter sido do domada por um homem como eu, ela chorava em silêncio, como eu havia exigido, aproveitando cada minuto daquilo.
Retirei o pau de dentro dela e forcei a entrada e sua boca, ela o reverenciou com sua língua astuta, depois esporrei em sua face e parti. Tenho certeza que agora ela sonha e espera todos os dias que eu retorne e dome-a mais uma vez, e mais uma vez.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente.
William Shakespeare

Ela lia essa frase tantas e tantas vezes, finalmente entendeu que a dor confusa que somente ela e somente ela sentia era facilmente dominado por todos os outros a sua volta, é isso. Descaso, nunca ouvira um pedido de desculpas, fora humilhada e ninguém a defendeu. Geni, fora pela primeira vez apedrejada pela opinião publica, mentira, mas pela primeira vez isso a abalou, como se não fosse bastante fora humilhada pelo abandono e esquecimento de sua mãe, enquanto ela chora, a mãe a olhava e dizia, não reconheço seu rosto, de tão incrédula ficou cegamente crédula desse esquecimento, mas logo foi corrompida por seus queridos companheiros que a alertaram da natureza malvada de sua mãe, agora sobrou a dúvida e a ofensa, porque mesmo desmemoriada esquecer-se dela foi por de mais ofensivo.
Mas todos parecem viver bem suas vidas ao lado daqueles que a ofenderam, ai vem a dúvida de Geni, será que seu amigos, amores e servos são leais a ela, será que vive eterno da mentira de um amor desonesto, logo ela que sempre fora honesta ao menos com seus aliados, ela é amada, por pelo menos alguns, dos quais ela não duvida, mas os outros que levam seus sonhos embora e aqueles que já a esfaquearam e vieram numa praça cinza perguntar, por que ela havia exilado eles de seu reino, ela perdoa, Geni é boa, mas parece má, mas ela é boa, devia ser má, há de ser má e quando for, todos vão me pagar.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Eu nunca vou permitir
Que você me toque
E nem se aproxime
De mim
Vou manter você atrás do muro
Frio
Enlouquecido, querendo abrigo
E não vou me importar
Com nada
E não adianta nem tentar
Que não vai levar
Meus sorrisos, meus olhares
Eu sabia que iam ser mal vistos
Mas idaí? Não posso apagar o que foi feito
Pela a gente
Eu ri não foi de amor
Olhei, foi com pudor
E você só pensou sujeira
Diga agora
Se o que você pensa é problema
Diga agora que você não explodiu
Em erupção pensando em mim?
Não diga que você só viu o que queria ver
E temeu o que você sentiu
Temeu a mim
Não diga

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Fluidos

Parada em frente ao espelho do banheiro, Ana se olhava, sorriu, pôs o cabelo para trás da orelha, pegou a navalha do irmão e dilacerou os pulsos. Não deu nem um grito, reprimiu toda dor, um pouco em êxtase olhava seus fluidos escorrerem para o chão de ladrilhos, um banheiro grande e iluminado.
No fluxo do sangue foi lembrando em ordem contrária do que a fizera estar ali morrendo, lembrou-se da dor, da angústia e incertezas de toda uma vida, muito curta, uma menina de 20 anos, aparentemente feliz, mas julgava-se sem sorte, ela com as mãos dormentes e zonza sentou-se e encostou na parede, sentada numa possa de sangue riu, pois lembrando das duas outras fezes que suas pernas se sujaram de sangue, a segunda quando pela primeira vez foi penetrada, ela não se lembra bem de como ou quando foi penetrada mas lembra do sangue e do prazer, a outra foi na sua primeira menstruação, lembrou-se da angústia que sentirá, mesmo com os alarmes de sua mãe de que em algum momento ela sangraria pelos ventres, ela não pode se sentir nada mais do que envergonhada e diferente, sentiu-se mulher. Nunca seria mãe ela pensou, não saberia o que é amar como uma mãe, pois sabia que seria o amor mais puro, o amor mais bonito e o mais doloroso, e com isso percebeu que perderia todo sentimento do mundo, e que já não mais sentira em suas mãos, ou em sua alma toda a dor, ódio, tristeza e amor, na verdade sentir por sentir é que lhe importava, transtornada não queria perder tudo que importava, sua capacidade de sentir, sua vida, tentou gritar, mas já não tinha forças, já não tinha vida, sua luz apagou e sem forças desmaiou.
Acordou num quarto de hospital e se sentiu envergonhada e indignada por ter falhado, mas tão grata, tão grata por poder tentar tudo de novo.