domingo, 17 de fevereiro de 2013

Amor

Sentada na varanda ouvindo um velho vinil da Nina Simone, sentia-se tão prafrentex ao fazer isso no bairro nada glamoroso do Andaraí. Rita ouvia aquelas musicas, melancólicas e ao mesmo tempo quentes, pensando quando iria ser a sua vez. Nunca conheceu o amor, em tempos em que as paixões não chegam a conhecer a luz do sol e o ar da sobriedade, ouvir aquilo era angustiante. Buscou em sua mente todos os homens que conhecera, na tentativa de dar a eles a chance de serem o grande amor de sua vida, mas nenhum parecia adequado, olha claramente seus defeitos e o tédio que a presença deles a causa. Levantou-se como um foguete, despiu-se e foi atrás de uma roupa linda e leve, para que pudesse fluir como o vento. Passou pela porta de casa trancando-a rapidamente sem perda de tempo, não havia tempo a perder, sabia que nesse dia iria encontrar o amor de sua vida e caminhava sem olhar pra trás. Tinha a estratégia de encarar os homens nos olhos e ver o amor dentro deles, sabia que quando o visse não iria titubear e mais, sabia que o veria. Começou seu plano, mas homens são ríspidos, nessa sociedade serem encarados por uma mulher os assustam e os deixam menos homens, ela via só ódio, desprezo e medo. Caminhava sem olhar pra trás já tinha passado o Estácio e ainda não tinha encontrado o amor, olhando todos os olhos em seu caminho só via coisas terríveis. Cansada, mas perseverante resolveu sentar num banco em frente ao Odeon, já eram 15 pras cinco. Ao subir seus olhos tinha um rapaz próximo de sua idade olhando o letreiro, tirou o cabelo do rosto e olhou pra ele, ele olhou pra ela. Quando deu por si estava com o rosto a menos de 30 centímetros do rosto dele, avaliando minuciosamente os olhos dele. Ele não sabia o que fazer, por não saber a imitou e retribuiu a busca, alguns dizem que ele achou primeiro, mas ela viu, viu o amor. Beijou-o instintivamente e depois riu, ele retribuiu o riso e o beijo, como bobos.

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