Basta ter uma
abertura que a criação rompa as frechas da inércia. Bum! Está em
movimento. Clarões no meio da escuridão, como se fosse um trem no
escuro sendo invadido pela luz ocasional da janela. Sou bastante
cinematográfico, mas eu juro que era assim.
Já sei que não
posso contar com a sorte, mas eu duvido do potencial criador de Deus,
duvido de Deus desde sempre.
Eu confio no tempo,
ele sabe o que faz, ninguém mais.
Tenho más notícias,
estamos perdendo tempo, mas tá tudo bem, sempre pode piorar.
Como gozar de frutos
que não nos foi designado. Desaproprie os mercados, desaproprie o
amor.
Acho cômico como
escrever é uma reverberação de existir. Agora não consigo mais
produzir contos com uma linearidade, minha cabeça é confusa e
disforme e essa estruturação não me elucida mais, está tudo
desorganizado.
Por no papel
qualquer coisa tornou-se uma função de labuta, falar para que?
O saber liberta e
estar livre num mundo escravista nada mais é que melancólico.
Preciso caminhar agora com essa felicidade melancólica que é abrir
os olhos.
Processo segue de
forma dolorosa, essa continua força de limpeza que limpa todos as
camadas que me constituem, vai caindo a pele morta de ontem, para
seguir a nova epiderme, ainda bem que eu tenho fé no tempo.
Processo
positivista, programa liberal, ter fé no futuro é o que me mantém
escravizado.
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